Aquela menininha mal cabia em si tamanha era a alegria que estava sentindo. Sem idade bastante para compreender o tempo, sentia que aquele dia iria custar a passar. Já nem contava às vezes em que ia até a frente da casa como a esperar que num passe de mágica o avistasse de longe. Nem com os avisos de sua mãe de que ainda faltava muito tempo fazia com que esquecesse do fato. Sua cabeça fervilhava de ideias, de expectativas, de como seria dali para frente.
Tentou brincar. Se distrair. Mas naquele dia nenhum brinquedo lhe tiraria da mente aquela chegada… Mal sabia ela que aquele dia – mais precisamente aqueles momentos finais -, ficariam eternizados para sempre em sua memória. Se ao longo da vida muitas lembranças vão se esvaindo naturalmente dando lugar as de novas vivências, aquele dia nem o tempo apagaria. Mais! Pontuando a de a mais tenra e doce memória de quando criança. Por tudo que vivenciou depois… Viria como um bálsamo. Ou até mesmo como uma bênção em meio a tantas outras lembranças dolorosas.
As horas foram transcorrendo… A rotina diária como banhos, almoço, lanches… até que ajudaram um pouco a preencher o dia. A tarde caiu, o que levou a reacender o fogo interno por indicar que agora sim faltava pouco tempo nessa espera. O contentamento era tanto que nem a chuva trazida pelo entardecer fez diminuir. Aliás, talvez seja por essa história que a levou entrar em comunhão com a chuva. A amar banhos de chuva daquele dia em diante.
A noite chegou… Por causa da chuva teve que esperar dentro de casa. Sentada próxima a janela para captar os sons da rua. Querendo ouvir o som do Jeep de seu tio parando bem em frente ao portão e então correr para ser a primeira a receber seu pai com a primeira televisão! E foi o que aconteceu! Ao abrir a porta lá estava seu pai banhado de chuva, mas também feliz por aquela compra que nem os presentes natalinos depois conseguiram superar dessa chegada!
Muitos anos depois, numa das muitas reuniões em família, ao contar sobre esse dia, com essa riqueza de detalhes, fez seu pai ficar admirado! Pois pelas contas dele, do ano dessa compra, ela estaria com três anos de idade. O que causou uma surpresa geral. Gerando até um tema ali: Qual seria a lembrança de mais longo tempo de cada um de nós? Como viram a dela fora a chegada do primeiro aparelho de televisão em sua casa! Uma companheira de muitas outras histórias. Inclusive e já no ano seguinte a de que a ajudara a aprender a ler e a escrever. Mas essa eu conto outro dia.
A de hoje vem como a minha homenagem ao dia de hoje! Em contar uma das minhas histórias. Pois essa menininha sou eu!
Um Feliz Dia da Criança que ainda habita em cada um de nós!
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