Amo tomar banho de chuva desde criança. Quando ela começava a cair eu corria para o quintal e ficava lá até se descoberta pela minha mãe que me mandava entrar, quebrando assim todo o meu encantamento. Tive bronquite na infância, o que me levava a certas transgressões diante a certas determinações médicas: não tomar banho de chuva, não andar descalça em pisos frios… eram algumas das proibições. Dai não sei ao certo se o início de amar tomar banho de chuva foi pelo desafio em me libertar, em romper certas regras. O certo mesmo era que eu recebia a chuva de braços abertos num bailar feliz. Sorrindo com os pingos da chuva batendo em meu rosto.
Cresci e junto comigo veio o gostar de tomar banho de chuva. No final de um longo dia de trabalho a caminho de casa, se ela caia, lá ia eu feliz da vida. Era como se todo o cansaço ia embora com ela. Ficava até meio sem entender porque as pessoas passavam correndo, fugindo da chuva. No meu interior eu tentava demovê-los dessa ideia: “Não fujam! Aproveitem! Logo estarão em casa, e então poderão tomar um banho, terminando essa limpeza do corpo e da alma.” É claro que eu sei que em certas áreas uma chuva forte traz consequências graves; deixando até as pessoas traumatizadas. E que eu espero não estar nesses dilúvios.
Nessa fase cadeirante… O que mudou agora é que a chuva também molha a cadeira, além de mim e da roupa. Mas o gostar continua. Já peguei várias. De simples garoazinha a tremenda chuvarada. E com a cadeira nem teria como também segurar um guarda-chuva.
Mas com o calor que está fazendo uma chuvinha caindo seria providencial. Refrescando a noite, o que me levaria a escrever com mais tranquilidade. Colocando um somzinho suave, bem baixinho, uma coletânea que chamo de canções para a noite. Com isso eu iria pelo menos tentar atualizar esse blog aqui que sempre perde a vez para o “Cinema é a minha praia!“.
Voltando à chuva… O desenho foi feito pelo Tiago Nunes. Um presente-dos-deuses que nós do “Cinema é a minha praia!” ganhamos. Um Ilustrador dos bons! Conheçam mais do trabalho dele em Desenhando. Grata, Tiago! Por mais esse belo presente.
Realmente Veléria receber a chuva de corpo e alma faz um bem danado. Mas tenho que te dizer que quando estou com minha cadeira motorizada a coisa muda de figura. Corro da chuva, porque ela não pode se dar a esse luxo e como é uma extensão do meu corpo fico na minha. Ao contrário de quando estou com a cadeira manual, aí sim mesmo com as limitações a mais isso sim é permitido – TOMAR BANHO DE CHUVA – que delícia.
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Lella,
Somos estudantes concluindo um curso de pós graduação em Incluão Social e estamos lendo tudo que achamos interessante bem como útil para o nosso crescimento. Acompanhando um menino de 9 anos de idade e percebemos o quão verdadeiro é este sentimento quanto a chuva pra ele. Quando temos que levá-lo para a quadra ou outro lugar distante da sala de aula dentro do colégio e esta chovendo, ele nunca quer ir no guardachuvão que aturminha vai na disputa, quer sempre tomar uma chuvinha e gritar o caminho inteiro de alegria. Costumanos dizer a ele que ele não é de açucar e que não irá derreter se levar alguns pinguinhos no rosto. Pena que realmente em uma chuma mais grossa não dá para fazê-lo pois a cadeira que é adaptada molharia e isso traria um transtorno bem grande à nós e aos pais. Sua mãe é muito 10 e aprova momentos simples e tão valorosos na vidinha dele.
Creio que o semtimento dele é o mesmo que o seu, ” a chuva deve lavar seu corpo e alma” só não o consegue expressar verbalmente.
Parabéns pelo seu blog.
Você é muito criativa!
Bjs
Li, Ra e Raq
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Lilian, e as duas Raquel,
Grata, também por deixar esse testemunho!
Então, essa sensação que a chuva propociona, é algo nato 🙂
Sucesso ai na profissão que abraçaram!
A disposição de vocês, será mais uma ajuda para diminuir a falta de acessibilidade. Pois ainda é uma tarefa árdua.
Beijos,
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